Joseph Kosuth, MoMa, Nova Iorque

 

Muitas pessoas rejeitam a arte contemporânea porque não a compreendem.
É difícil aceitarmos o que não compreendemos. Por vezes a arte contemporânea não se explica por si só e tem de ser traduzida.

Os museus por vezes têm uma linguagem complexa que afasta as pessoas.
Se os museus não falarem para as pessoas comuns, correm o risco de essas pessoas não voltarem lá. Ninguém gosta de sentir-se diminuído por causa da complexidade da linguagem usada…

Os serviços educativos dos museus têm aqui um papel fundamental.
São os Serviços Educativos que muitas vezes ajudam as pessoas não-especialistas a compreender as obras de arte contemporânea. Não raramente, alunos e docentes saem maravilhados dos museus, contagiados pelas reflexões que a arte contemporânea permite fazer sobre assuntos que lhes interessam.

Objetos do quotidiano fazem parte do que pode ser considerado arte.
Desde A Fonte de Marcel Duchamp, um urinol “de pernas para o ar” (que já tem 100 anos!) até à cadeira de Joseph Kosuth (de 1965), passando pelas aranhas de Louise Bourgeois (de 1990 a 2005), elementos comuns da vida fazem frequentemente parte das escolhas dos artistas, porque isso lhes permite pensar o presente.

Isso quer dizer que qualquer coisa é arte?
Não. Quer dizer que qualquer coisa pode ser arte, desde que seja validada. Por exemplo, se está numa galeria de arte ou se aparece num livro de história da arte é porque alguém especialista (em arte, em história da arte, em crítica de arte, em curadoria…) a validou.

Só os especialistas é que podem validar a arte?
Qualquer pessoa pode validar o que é arte e o que não é. A diferença entre os especialistas e as pessoas comuns são as consequências dessa validação. A palavra dos especialistas leva a que as obras de arte possam ser expostas ao público, enquanto a palavra das pessoas comuns têm um alcance mais individual (válido na mesma!).

Porque é que a arte contemporânea nem sempre é bonita?
Porque a apreciação estética deixou de ser o seu propósito. Hoje os artistas procuram ir além da técnica e da estética, explorando mais o processo do que o resultado. A arte contemporânea pretende lançar perguntas e reflexões. O propósito da arte contemporânea é a criação de pensamento. É assim desde os anos 60 do século passado.

Num mundo onde a compreensão da arte contemporânea muitas vezes parece um desafio insuperável, é essencial lembrar que a verdadeira apreciação da arte vai além da primeira impressão. Através dos séculos, o papel dos museus e dos Serviços Educativos tem sido fundamental na tradução e acessibilidade dessa linguagem complexa para algo acessível e inspirador para todas as pessoas. Afinal, a beleza da arte contemporânea não reside na sua estética, mas na provocação de questionamentos profundos e na estimulação do pensamento crítico.

As obras que podem parecer estranhas à primeira vista frequentemente têm o poder de nos relacionar com as realidades do nosso tempo e despertar conversas significativas. Portanto, enquanto olhamos para urinóis invertidos, cadeiras conceptuais e aranhas imponentes, lembremo-nos que a validação da arte está nas mãos de todos nós. As opiniões de especialistas e de indivíduos comuns coexistem, embora nem sempre dialoguem.

A arte contemporânea é uma jornada de descoberta e reflexão, que muitas vezes desafia a nossa compreensão convencional de beleza e estética. No entanto, ao abraçarmos a complexidade, permitimos que essas obras nos conduzam por pensamentos profundos sobre a sociedade, a cultura e nós mesmos. Portanto, da próxima vez que nos depararmos com uma obra aparentemente não convencional, lembremo-nos que, ao compreendermos e abraçarmos a sua mensagem, nos tornamos parte de um diálogo em constante evolução que transforma o mundo e que nos transforma também.